Padre Siqueira
Primeiros passos
Padre Siqueira, agora ordenado Sacerdote, volta para a Diocese de São
Paulo onde recebe com entusiasmo a sua nomeação para coadjutor da Paróquia de
Mogi das Cruzes,4 dada pelo Bispo Dom
Sebastião Pinto do Rego, em 18 de maio de 1865.
Soldado de Cristo e voluntário da Pátria
De 1864 a 1870, o Brasil viveu o maior conflito armado ocorrido na
América do Sul, a guerra do Paraguai.
O jovem sacerdote não podia ver as levas de recrutas sem assistência
espiritual que diariamente passavam para os campos de batalha. Deixa, pois, a
coadjutoria e alista-se no 7º Batalhão de Voluntários da Pátria, como Capelão
Alferes, em 22 de julho de 1865.
A vida no Paraguai e os
sacrifícios exigidos abalaram fortemente a saúde do Padre Siqueira. Contraiu ali
a tuberculose5, moléstia
insidiosa que aos 43 anos de idade, o leva à sepultura.
Regressa a sua
terra natal em 18 de novembro de 1865.
Visitas direcionadas a fundação de sua
obra.
Em Porto Alegre, visita alguns Asilos-Escolas dirigidos pelas Irmãs do
Imaculado Coração de Maria. Encontra-se com Madre Bárbara Max e convida-a para
trabalhar em sua obra que, naquele momento só existia em seu pensamento.
Viaja para Montevidéu em 01.01.1866 onde visita obras educacionais, a
fim de habilitar-se para a obra que desejava iniciar. Regressa, em 19.03.1866.
Ele nos diz que antes de sua viagem a Montevidéu já havia percorrido o interior
das províncias de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Viu uma grande desproporção na educação. Em vez de preparar condignamente as
pobres órfãs, tecia-lhes um futuro cheio de dor, dando-lhes uma educação
inadequada a sua condição.
“Os tempos se passaram... O anjo da
morte passava sobre todos os telhados anunciando a cada dia a orfandade em
novas famílias desvalidas! O luto enegrecia as entradas dos templos e as
lágrimas lavavam os pavimentos. As choupanas se fechavam e as desgraçadas
viúvas cobertas de andrajos, levando diante de si suas tenras filhinhas,
apresentavam-se às portas dos taberneiros para solicitar-lhes uma fatia de pão!
Meu Deus! Quantos infortúnios eu presenciei, quantos insultos àquelas pobres
viúvas!... Quantas atrocidades aquelas infelizes vítimas... Quem sabe quantos outros horrores ocasionadas pela
fome e pela miséria! Não ! Disse eu, não
é possível conter os impulsos do meu coração! Não há para mim maior sacrifício.
Não vou salvar toda essa porção frágil e desafortunada da humanidade; uma só
infeliz que com a graça do Senhor e a proteção da Augusta Virgem do Amparo, nossa
Mãe e Protetora, eu possa salvar do ameaçador naufrágio, já me será uma
inexcedível consolação”.6
Em 20.05.1866
assume a Paróquia em São José do Paraíba/SP7.
Deixa esta Paróquia um ano depois com o amigo, o bom Padre Godoy.
Em 25.06.1867 parte para Minas
Gerais em companhia do desembargador João Monteiro de Barros e sua família,
buscando refazer-se fisicamente perto das águas medicinais de Baipendi.
É ele que nos diz:
“Daí de Baipendi,
seguimos para o Rio de Janeiro. Chegando à Corte, descansei dois meses, sem dar
passo algum porque as dificuldades que surgiam diante de mim eram tantas que se
me afigurava impossível a minha ação em semelhante época... consultei algumas
pessoas e o meu próprio coração e tirei como resultado dar começo à obra sem
atender mais à dificuldade alguma8”.
Em Petrópolis
O casal Moreira Guimarães, domiciliado em Laranjeiras, Rio de Janeiro/RJ,
possuía em Petrópolis, no bairro de Corrêas, a Fazenda da Olaria, onde passava
o verão. A esposa, Dona Ana Leocádia era uma Senhora de caráter viril e doce,
tinha sempre uma palavra meiga para suavizar as amarguras dos que sofriam.
Enquanto descansava, o Padre Siqueira encontra o citado casal que o
convida para restabelecer sua precária saúde, sua chácara, na Corte, onde foi
tratado como verdadeiro filho. Depois, vem com o casal para a na Fazenda da
Olaria. Ali o Padre Siqueira recuperava sua saúde, dado à oração, à reflexão,
celebrava Missa diária, ora na Capela da Fazenda da Olaria, ora na Capela de
Nossa Senhora do Amor Divino, centro da vida religiosa do lugar.
Livro:
PADRE SIQUEIRA
- O Profeta da Caridade
Autora: Irmã Neli do
Santo Deus,cfa