Sua
vida: Um Testemunho
Testemunhar é afirmar uma verdade diante dos outros.
O Profeta tem uma vida de afirmação das verdades
evangélicas,
O Padre Siqueira qual um outro São Francisco, mostra, sem
hesitação, em diversos acontecimentos de sua vida, que, de fato, se decidiu
pelo Reino.
É um profeta sem restrições!
Ele é uma afirmação da pessoa de Cristo, do seu Evangelho,
sem deixar dúvidas.
Sua vida se constitui numa lição evangélica, num testemunho.
É
o servo de Deus pronto e dócil ao chamado de seu Deus: “fala, Senhor, que Teu
servo escuta” (1Sm 3,10).
Já
nas suas convicções, quando lutando para criar sua instituição, deixa escapar
uma frase que se torna notável e que bem caracteriza sua consciência de
Profeta: “minha convicção de que era chegado o tempo, e de que a obra era de
Deus, era tão forte, que a minha divisa única foi e é: ou a morte, ou o triunfo
de um empreendimento que considero divino” (Apelo ao País).
E
é assim que ele age e reage perante as adversidades.
Não
conhece meias medidas.
Com
o objetivo de conseguir dinheiro para realizar seu plano de construir e fundar
a Casa de Educação idealizada, o Padre Siqueira fez muitas viagens. E muitas
coisas lhe aconteceram, dando-lhe ocasião de testemunhar sua grande fé e
humildade.
Lê-se
na história de sua vida que, certa vez, chegando ao anoitecer em uma fazenda,
exausto da caminhada a cavalo, por longas estradas e fatigado do sol ardente de
todo um dia, o intrépido Padre Siqueira pede uma pousada para aquela noite.
As
trevas já cobriam a terra, não lhe permitindo continuar sua jornada pela
estrada fechada de floresta. Fora atendido por um escravo que, levando o seu
pedido ao conhecimento do senhor da casa, volta e lhe diz em termos grosseiros
e pesados a recusa do fazendeiro, transmitindo-lhe a sugestão de pernoitar
junto aos animais da ceva. Perto havia uma pocilga. E, por oferecer lugar mais
protegido, é aí que o Padre Siqueira passa aquela noite, tendo por cama a terra
nua e por teto o céu estrelado.
Tranquilo,
sereno, sente o coração a transbordar de alegria por haver sofrido tal injúria
pelo seu Senhor e pelas pobres crianças órfãs.
Pela
manhã, surpreende-se o fazendeiro, vendo o Sacerdote junto à cerca dos animais,
rezando tranquilamente seu breviário. Chamando-o tenta desculpar-se. Ele porém,
sem o mínimo sinal de ressentimento, procura persuadir a todos de que a noite
passada ao relento era a sua partilha, restando-lhe agora receber a esmola para
as suas órfãs.
De
fato, o ideal o impulsionara por dentro.
Sua
ideia quase fixa nas tristes cenas que presenciara de miséria e de luto
neutralizara sua sensibilidade.
O
seu eu não era o mais importante, porém, a missão a que se sentia chamado.
O
que estava em questão eram a suas órfãs: “ou a morte ou o triunfo desta obra que
considero divina”.
E
continua sua vida de testemunho, como se as humilhações não se machucassem,
procurando sempre fazer o que lhe parece ser a vontade de Deus.
Cansaço?!
Indisposição
física?!
Pouco
importa.
Enfrentando
sol e chuva, fazendo madrugadas, vai ele testemunhando o Reino pelo qual vive e
luta.
Tudo
faz parte de sua missão profética.
Impressionante
é o que presenciara numa destas viagens o sacristão que o acompanhava.
Era
madrugada quando saíram.
E
ao amanhecer o dia, em plena floresta, o Padre Siqueira, improvisando um altar,
celebra a Santa Missa. Oferece o Santo Sacrifício pela redenção da humanidade
pecadora.
Consagra
e eleva as sagradas espécies, supondo ter como único participante o seu
companheiro de viagem. No entanto, alguns marginais escondidos esperavam o
momento oportuno para o assaltarem.
_
“Este Padre é o pedido de dinheiro”, pensavam eles.
Mas
... coisa estranha!
Por
diversas vezes tentaram lançar-se para agarrá-lo, mas algo os detinha.
Finalmente,
ao terminar a terminar a Missa, o Sacerdote volta-se e diz a aclamação “ide em
paz ... que o Senhor vos acompanhe”.
A
expressão do Padre Siqueira, sua piedade, seu fervor e sua convicção ao
pronunciar estas palavras foram tais que comunicaram aos assaltantes a paz e a
conversão. Prostrados por terra, comovidos, confessam seu pecado ao santo Sacerdote
que os absolve e os confirma na fé cristã e na paz experimentada.
É
o homem de Deus dispensando graças de salvação ao pecador arrependido!
É
o profeta do Altíssimo, testemunha que é por sua vida.
Ele
anuncia a fé e o amor através da celebração dos Santos Mistérios.
O
seu modo de rezar, de celebrar, seu recolhimento, sua fé e respeito diante do
sagrado, são bem um testemunho.
Levaram
estes homens a crer firmemente na presença santíssima do Pai das graças e das
misericórdias.
Fonte:
Padre Siqueira - Vocação e
Compromisso de Profeta
Irmã Jacinta Medeiros Gurgel-cfa