terça-feira, 8 de julho de 2025


Serviço de Animação Vocacional

Mês de julho de 2025.

 

Coração Consagrado ao Amparo da Vida

Um convite ao discernimento vocacional à luz do Servo de Deus Padre Siqueira

 

Neste mês de julho, este texto chega até você e nos convida a refletir sobre a força de uma vocação nascida da escuta de Deus e moldada pela coragem da fé.  A história do Servo de Deus Padre Siqueira, fundador do Carisma do Amparo, continua a iluminar o caminho daqueles que se perguntam: “Senhor, que queres de mim?”

Com um coração totalmente entregue, Padre Siqueira ofereceu sua vida à Igreja, à infância desvalida e à pátria. Seu “sim” foi mais que um gesto de generosidade: foi resposta profunda ao chamado de Deus, marcada por coragem, sacrifício e confiança. Ele mesmo declarou com convicção: “Fiz o voto mais firme da minha existência em favor da infância desvalida e me consagrei ao bem da Igreja e da Pátria.”

Essa entrega radical foi sustentada por uma fé que não se abateu diante das dificuldades. Mesmo no sofrimento, ele reconhecia a mão de Deus conduzindo sua missão: “Oh! Bem sei que o meu espinhoso caminho está há muito traçado pela mão da Providência, e que não é outro senão o da humildade e da resignação.”

Padre Siqueira viveu o Evangelho de forma concreta, em especial no serviço aos mais pobres. Sua vida foi um testemunho de caridade encarnada, de fé traduzida em cuidado, de esperança que se tornava presença viva. E ele dizia: “Mesmo uma só criança que, com a graça do Senhor e a proteção da Virgem do Amparo, nossa Mãe e Protetora, eu possa salvar, já me será uma imensa consolação.”

Esse é o espírito que continua a inspirar a vocação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo: uma vida consagrada ao serviço, à escuta dos clamores da vida, à ternura que ampara.

E você? Já se perguntou se Deus também te chama?

  • Você sente, em seu coração, o desejo de viver uma vida de entrega total ao Reino de Deus?
  • O sofrimento dos pequenos, dos pobres e dos esquecidos mexe com você a ponto de querer fazer algo por eles?
  • Você já sentiu que a oração, o silêncio e o serviço são caminhos que te preenchem e dão sentido à sua vida?

Talvez esteja nascendo em você um chamado… uma semente de vocação. E como toda semente, ela precisa ser acolhida, cuidada e discernida.

Padre Siqueira nos ensina: “Há muito tempo, não vivo mais para mim, e todos os sacrifícios por que ainda possa passar estão de antemão oferecidos a Deus no altar da caridade.”

Hoje, o mundo precisa de jovens corajosas, dispostas a serem profecia de esperança, presença de Amparo, rosto de ternura onde a vida clama. Se algo em você vibrou com essas palavras, não ignore: pode ser Deus falando ao seu coração.

Então, não deixe o toque da inspiração de Deus passar por você, guarde no coração como vez Nossa Senhora do Amparo e não tenha mede de responder seu SIM. Cuide do tesouro, Jesus está sempre ao teu lado, encontre-o na oração e na meditação da Palavra.


Oração 

Senhor da vida,

Tu que chamaste Padre Siqueira a ser voz profética e coração que ampara, olha com ternura para os jovens que hoje sentem em seu interior o desejo de se doar.

Desperta em nós a coragem de escutar a Tua voz, e a liberdade de responder com amor generoso.

Mãe do Amparo, acompanha com teu olhar de ternura cada passo de quem se põe a discernir.
Faz-nos fortes na fé, simples no coração, e disponíveis para servir onde a vida grita por cuidado. Amém.

No próximo mês estaremos vivendo o mês especial das vocações.




 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

 

                                       Visita histórica à Casa Mãe da Congregação do Amparo

Com grande alegria e esperança, registramos a visita do Exmo. Revmo. Dom César Teixeira, Bispo Diocesano de São José dos Campos/SP, do Revmo. Padre Eduardo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição, da cidade de Jacareí/SP, acompanhados pelo Diácono Marcos Vitor de Andrade e pelo Sr. Diogo Rodrigues Victor, presidente da Creche Cantinho da Providência.

A Congregação das Irmãs Franciscanas do Amparo acolheu com ternura e gratidão, em sua Casa Mãe, a Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo, em Petrópolis/RJ. Esta visita tão significativa, especialmente por virem da terra natal dos nossos Fundadores, o Servo de Deus Padre Siqueira e a Irmã Francisca Pia.

Trata-se de um momento histórico e profundamente simbólico no caminho do Processo de Canonização do Padre Siqueira. Mais do que um gesto de proximidade, essa visita expressa a comunhão eclesial, reacende a esperança e confirma a vitalidade do Carisma do Amparo, nascido no coração de nossos Fundadores e vivido hoje com fidelidade e ardor missionário.

A presença do Bispo Diocesano e de seus acompanhantes é para nós um verdadeiro dom de Deus. Ela nos encoraja a seguir com passos firmes e confiantes na trilha da santidade, iluminada pelo exemplo do nosso Fundador. A escuta fraterna, a partilha sincera e a alegria do encontro encheram nosso coração de gratidão e renovaram nossa missão.

Esse gesto de atenção e cuidado da Igreja de Jacareí fortalece os laços de comunhão entre a Congregação e a Igreja local, lançando sementes de esperança para o reconhecimento público da santidade de Padre Siqueira. É também um impulso que reacende nossos sonhos e compromissos com o serviço humilde, com a ternura cotidiana e com a simplicidade franciscana que moldaram sua vida.

Louvamos a Deus por este tempo de graça. Reafirmamos nosso compromisso de continuar difundindo a vida e o legado do Servo de Deus Padre Siqueira, na esperança de que a Igreja em breve o reconheça oficialmente como modelo de santidade.

Que sua memória viva, sua entrega generosa e a força do Carisma do Amparo continuem a inspirar novas vocações e a tocar os corações sedentos de Deus.

                                    Servo de Deus Padre Siqueira, rogai por nós!


segunda-feira, 23 de junho de 2025

Decreto da instituição da Comissão Diocesana das Causas dos Santos


 

Com alegria e gratidão a Deus, comunicamos ao povo de Deus e aos devotos do Servo de Deus Padre Siqueira um passo importante em sua Causa de Canonização: foi instituída oficialmente, por Decreto do Exmo. Revmo. Bispo Diocesano de Petrópolis/RJ, a Comissão Diocesana das Causas dos Santos.

Este organismo, em sintonia com as orientações da Igreja e do Dicastério para as Causas dos Santos, tem como missão investigar, promover e apoiar os processos de beatificação e canonização no âmbito da Diocese, do Servo de Deus Padre Siqueira.

A criação desta Comissão representa um marco significativo, pois permitirá que se avance de forma mais estruturada e criteriosa nos estudos sobre sua vida, virtudes e fama de santidade. É um chamado à esperança e à oração, para que um dia a Igreja reconheça oficialmente aquilo que tantos já percebem: Padre Siqueira foi um homem de Deus, que viveu com fé confiança o Evangelho.

Continuemos unidos em oração, confiantes de que o testemunho de Padre Siqueira seguirá iluminando e inspirando muitos corações.

Servo de Deus Padre Siqueira, intercedei por nós!


domingo, 1 de junho de 2025

 


Homilia de Dom Joel por ocasião da Missa em memória ao Servo de Deus Padre Siqueira (Capela da Casa Mãe / Petrópolis - RJ – 10/04/2025)

Minha Irmãs e meus irmãos, junto com todas as intenções que foram trazidas, que a Irmã que nos acolheu, recordou e destacou, no início, sem dúvida, o que nos reúne hoje aqui é uma grande ação de graças a Deus, pela vida do Padre Siqueira e tudo aquilo que ele semeou, tudo aquilo que ele deixou. Já se vão aí 144 anos de sua morte e a obra aqui, está com tudo aquilo que significa de um sonho que nascendo no coração de Deus é acolhido por um coração generoso, que toca outros e com isso leva tanta coisa bonita pra frente. A liturgia de hoje nos apresenta, Abraão que ouve o chamado de Deus, que responde ao chamado de Deus e estabelece com Deus uma aliança. E nessa aliança nós vamos entender o que acontece com toda pessoa de fé, o que aconteceu com Padre Siqueira e que somos nós convidados a deixar que aconteça conosco. No fundo se pode dizer que Padre Siqueira viveu na fé de Abraão, não aquela fé mal compreendida, atrapalhada, que no tempo de Jesus acabou se tornando cega e incapaz de reconhecer aquele que era a expressão maior do amor do Pai, na força do Espírito, que ali estava no meio deles. O evangelho mostra uma rejeição tão grande que chegam a tentar apedrejar Jesus. Nesse sentido, ser da linhagem de Abraão na fé, ser da fé de Abraão, é o que se espera de Padre Siqueira e de nós. E é muito interessante a verdade, na chamada fé de Abraão. E hoje de manhã rezando um pouco e revendo uma parte pequena da biografia de Padre Siqueira, o sonho de Deus é sempre maior do que aquilo que os nossos olhos podem contemplar. Quando nós lemos a primeira leitura, é impressionante para aquele homem no deserto, aquele homem sozinho com seu grupo, seu clã. sem dúvida, mas era ele. E a promessa é: “Eu vou te fazer pai de uma grande multidão. Eu vou te dar terra”. E uma palavra tocou no meu coração ao longo desse dia todo, hoje, e eu a partilho com vocês agora. Que desproporção entre aquilo que os olhos veem e aquilo que Deus sonha. Como é que se juntam as duas coisas? Quando corações generosos, tocados pela graça, deixam que essa graça nos toque mais ainda e vão em frente, do mesmo modo como Abraão. São Paulo vai dizer: Abraão acreditou, teve esperança contra toda a esperança mesmo (...) não acreditou quando todos ou pelo menos a maioria das cidades dizia, não vai dar certo, não é por aí. Quem conhece a história do Padre Siqueira sabe ver dele um homem que seguiu essa mesma fé que marcou profundamente Abraão, que é o tema da primeira leitura de hoje. Vocês conhecem melhor do que eu. A biografia desse homem que vem para Petrópolis para se tratar, ele vem para se cuidar. Ele vem, se eu posso usar a linguagem dos nossos dias, ele vem para cuidar dele. E quando ele chega aqui, o que é que ele fez? Ele pensou nele? Se eu compreendi a leitura que fiz; ele vê toda aquela situação, aquele regime de escravatura que ia se ruindo. Graças a Deus que ele percebe, apesar das suas limitações de saúde, ele percebe que há muito o que se fazer aqui! E ao perceber, eu posso dizer, é a voz de Deus falando naquele coração. Assim como a primeira leitura fala a Abraão, a assim também quando ele chega em Petrópolis para cuidar de si, pensar em si, foi a única coisa que Padre Siqueira não fez, foi pensar nele mesmo, foi não olhar para a sua dor, não olhar para sua limitação de doença. É impressionante como começa a expressar na caridade o amor infinito de Deus. E se ele dissesse: sim eu vejo os problemas, mas eu não posso, eu estou limitado, eu tenho que me cuidar primeiro, mas isso não existiu, porque ele percebeu no caminho de fé, ele percebeu o quanto era fundamental responder no amor, ao chamado amoroso de Deus. E se olharmos a palavra de Deus de hoje, Padre Siqueira está na esteira de Abraão e de tantos santos e santas. E é um daqueles homens que deve marcar profundamente a nossa vida hoje, num tempo em que nós somos tão auto referenciais, tão voltados para nós mesmos, para nossos sonhos, para nossas expectativas, para nossas dores, que são reais, eu não discuto isso, mas maior do que tudo isso é o amor apaixonante de Deus que nos empurra na direção dos irmãos e irmãs, em especial os necessitados. Vejam, 144 anos! Só pensar na história das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo, o quanto já foi feito ao longo desses anos. Não podemos ver aí uma analogia da grande descendência que Deus prometeu a Abraão? Não está em cada um, em cada uma que já passou por aqui, o que Padre Siqueira sonhou não está aqui cumprido no seu carisma, não está aqui a promessa feita a Abraão? Quando no final da primeira leitura, Abraão se curva diante de Deus, se coloca diante de Deus. Hoje de manhã eu imaginava o que deve ter acontecido no coração e na mente de Padre Siqueira o se curvar diante de Deus. É claro, que já naquele momento e muito mais depois, as irmãs que seguem o carisma do Padre Siqueira e todos nós em nossas vidas também, vamos dizer assim, aconteceu tanta incompreensão, que é o que vimos no evangelho de hoje, o que ocorre quando os judeus naquele tempo se voltam para Jesus e não reconhecem o amor de Deus presente de modo radical em Jesus, não reconhecem que ali está o Messias. É possível que quem conhece bem um processo de beatificação e canonização, quando no futuro dermos esses passos, nós vamos ver o quanto Padre Siqueira deve ter encontrado, quantas dificuldades. O quanto as irmãs, para cumprir o carisma, o quanto que elas também tiveram que lutar, quantas dificuldades e acima de tudo quantas incompreensões. Lendo a biografia de Padre Siqueira, uma coisa me chamou atenção. Depois me digam se eu entendi correto. Mesmo doente, mesmo limitado, esse homem monta no cavalo e vai pedir esmola, donativo, ajuda, porque ele sabe que a vida dele só tem sentido quando for resposta ao amor de Deus. E Deus acolha as nossas orações de ação de graças por Padre Siqueira e por tudo aquilo que ele plantou. Que a partir desta casa se aumentem as orações por sua beatificação, por sua canonização e que cada um de nós, no carisma que tem, respondendo a Deus, na vida onde o bom Deus nos quer, possa caminhar em santidade. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

(Transcrição feita a partir de recursos audiovisuais)



sexta-feira, 9 de maio de 2025

 

Padre Siqueira e sua confiança em Nossa Senhora do Amparo

O Servo de Deus Padre Siqueira viveu intensamente uma profunda espiritualidade mariana. A Virgem Santíssima ocupava um lugar central em sua vida de fé, sendo sua inspiração constante nas decisões, nas obras e nos caminhos da missão. Sua devoção à Mãe de Deus era sincera, fervorosa e eficaz, sustentada por uma fé inabalável e uma confiança filial.

Maria esteve presente em todas as suas aspirações, análises e escolhas. Ele a reconhecia como modelo de todas as virtudes: amor, fé, desprendimento, humildade, fidelidade, doação, alegria, caridade, sinceridade e justiça. A atitude do "Sim" de Maria foi para ele a base de sua entrega a Deus e à missão educativa que abraçou com tanto zelo.

Desde que decidiu dedicar sua vida à educação da infância desvalida, idealizou sua obra sob a inspiração das atitudes de Maria. Escolheu, então, dar-lhe o nome da Virgem que ampara, acolhe e protege: Nossa Senhora do Amparo. Via nessa invocação a imagem perfeita da Mãe que sustenta os fracos, refugia os oprimidos e segura os desvalidos com ternura e firmeza. “É esta a Mãe e Mestra que deve servir de modelo às educadoras”, afirmava com convicção e ternura.

Padre Siqueira encontrou na figura de Maria um dos alicerces de sua missão. Viu nela a mulher forte e silenciosa, que, ao acolher o chamado de Deus, tornou-se sinal de amor e fidelidade para todos os tempos. Ele viveu essa confiança em Maria como quem caminha com segurança mesmo em meio às incertezas, certo de que sua obra estava sob a proteção da Mãe do Senhor.

A espiritualidade mariana do Padre Siqueira não era apenas teórica, mas vivida no cotidiano com simplicidade e coragem. Inspirado por Maria, ele compreendia que o amor não dorme, não descansa, não mede esforços. Esse amor aproxima, une e transforma. Em Maria, encontrou a fonte de sua perseverança, a luz de seu discernimento e a força para sua entrega total.

Assim, guiado pela presença silenciosa e firme da Mãe de Deus, o Padre Siqueira construiu sua vida como um verdadeiro filho de Maria, amando, educando e servindo com o coração configurado ao dela – Mãe, Educadora, Amparo e Modelo.

Nossa Senhora do Amparo, rogai por nós!



quinta-feira, 10 de abril de 2025

 

Texto sobre a passagem da morte do Servo de Deus Padre Siqueira 

Missa de 7º dia 

            A poucas cenas tão comovedoras e de tamanho alcance, temos nós assistido como a que teve lugar na Igreja Matriz desta cidade, no dia de ante ontem.

            Uma multidão composta de todas as classes sociais, desde a alta camada a opulência até a baixa esfera da pobreza, ali se achava reunida para com a suas lágrimas orvalhar a flor – saudade – deposta sobre o túmulo de um home virtuoso.

            De boca em boca corria um nome e, sempre uma palavra de louvor o acompanhava e, sempre um soluço de mágoa o vinha entrecortar.

            Não se tratava de um morto vulgar. O nome que se proferia não era o de um legendário ferido em pugnas pelas causas do orgulho, não era o de um aureolado pelas glórias dos talentos, era mais que isso – era o nome do Padre João Francisco de Siqueira Andrade.

            Deixar que a pedra do sepulcro abafe o cadáver voltado a sua essência, é natural, é mesmo indispensável, mas fazer que um nome que se imortalizou, seja riscado de um instante a outro desde livro primoroso que se chama – o coração – possível jamais fora.

            O homem que faleceu a 10 do corrente, em São José dos Campos, província de São Paulo, usava de um nome que nenhum outro poderá diminuir-lhe o valor, obscurecer-lhe o brilho.

            Ele foi o apóstolo da santa causa da caridade. Humilde, daquele humilde pregado pelo Cristo homem, esforçado, infatigável, lógico e convincente evangelizador dos princípios da moralidade. Ergueu um edifício que perpetuará sua memória, sem que nunca de seus lábios tombasse uma palavra que traduzisse o orgulho, nem um de suas ações desmentisse a pureza de sua alma e a grandeza de suas intenções.

            Em sua curta travessia neste oceano sempre mais ou menos encapelado pelas tormentas da calúnia e da inveja, ele, hábil timoneiro, soube guiar-se com tanta atilação e tanto zelo que, como debelando os elementos, conseguia serenar as tempestades.

            Guiava-o uma ideia sublime, via, não longe dos seus olhos, estender-se um painel esplendoroso: - tiradas das trevas da ignorância, arrancadas das furnas da miséria, voltadas ao trabalho honesto e à fadiga que enobrece, um cem número de mulheres com a palavra unida ao exemplo entoavam hosanas ao Deu que as criara a ao homem que as educara.

            Esse quadro provocava-lhe o júbilo, essa mulheres douravam-lhe os sonhos de suas vigílias, o despontar desse dia parecia sorri-lhe e o homem adoentado, sentindo em si os sintomas do aniquilamento, conhecendo a cada passo, que tropeçava à borda de seu túmulo, queria viver, ambicionava as horas, os minutos, os segundos para todos aproveitá-los na sustentação dessa cruzada.

            Desde os seus princípios, o Padre Siqueira foi sempre o homem sisudo, sacerdote modelo: vigário desse lugar em que foi exalar o derradeiro suspiro, soube ali merecer as simpatias que ao sepulcro o acompanharão. Rebentando a guerra por nós sustentada no período de 1864 a 1870, marchou para os campos da luta a levar os consolos da religião aos mártires do dever. Voltando daí, já presa do mal que o exterminou, aqui veio residir, ou – por outra – aqui veio dar o derradeiro testemunho do quanto pode a tenacidade do homem forte em favor das causas nobres.

            Compreendia o homem os deveres da sua missão, sabia que a verdadeira utilidade da vida consiste na aplicação que dela se faz ao bem estar geral e que, mal aventurado é aquele que, simplesmente a si é útil.

            Uma vez entre nós, deu-se pressa em executar o plano que concebera em terra estranha e assistindo a lutas fratricidas, pois se tratava de manterem-se irmãos por questões que, com palavras podendo ser resolvidas, pelo orgulho de uns e precipitação de outros, estavam sendo debatidas pelas armas e decididas pela morte.

            O plano consistia na criação desse estabelecimento que vemos – incompleto na sua construção, mas de há muito, profícuo em seus resultados – ostentar-se à Rua de Bragança, esse templo de que tantas vezes nos tempos ocupado e que, de envolta com o respeito que merecem as instituições úteis, reclama os mais sinceros louvores para o seu pio fundador.

            Empreendeu o Padre Siqueira uma tarefa além das forças de um homem, desde que o não fortalecesse a mais viva crença nos sentimentos humanitários de seus semelhantes e um segundo de repouso jamais teve, porque no tempo decorrido de 1869, época em que lançou as bases para o edifício, até ao dia em que se efetuou a transformação de seu ser, as dificuldades vencidas eram núncias dos obstáculos a vencer.

Mas sempre forte, mas sempre esperançoso, não abandonava o bordão do peregrino e a coragem encurtando as distancias e esperança revigorando-lhe as forças, ele, na romagem interminável, falava aos corações benfazejos e, talvez não poucas vezes, se sentisse com o poder de Moisés conhecendo-se capaz de fazer rebentarem de corações empedernidos correntes de benefícios.

            Foi assim que ele conseguiu elevar à altura e que se acha a Escola doméstica de Nossa Senhora do Amparo, hoje, o monumento que atestará o quanto fez em benefício da humanidade, durante a sua passagem pela terra, esse que pranteamos com o mais profundo e respeitoso sentimento.

            Tal foi os eu cuidado em bem desempenhar o encargo que se tomara, que ao conhecer a aproximação de um fim – que tão breve não devera vir – tratou de delegar o prosseguimento da piedosa comissão a outro homem de tantos préstimos e valia qual ele o fora, e que, de certo, levará ao termo a santa obra.

            Mesmo ao partir do seio de suas bem amadas filhas, Padre Siqueira dava-lhes a prova de que não quisera que elas sem um pai ficassem.

            Alma generosa, fundida nos moldes da mais viva caridade e, inteira, devotada à abnegação a ao desapego, não pudera, ao separa-se de entre nós, deixar em meio, aquilo que tão bem começara, o seu sucessor, segundo nos consta, levará avante a empresa e o edifício será concluído para eterna ser a recordação viva do finado fundador.

            A Igreja sufragou a alma do Padre Siqueira Andrade na manhã de ante ontem, hoje, rendemos-lhe preitos de acordo com as nossas forças e a sociedade não cessará nunca de bendizer o seu nome enquanto houver olhos que possam ver a Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo e ouvidos houver que possam o seu nome ouvir.

            Vimos àquelas afortunadas criaturas, felicitadas pelo morto que pranteiam, deixar que em suas faces rolasse as lágrimas do reconhecimento, quais imagens de amargura abraçadas a uma memória imorredoura e um pesar estranho, uma mágoa intraduzível nos confrangeu o coração.

            Lembrávamos de que, se o Padre Siqueira ali estivesse as abraçaria murmurando:

– “Benditos aqueles que praticam o bem, porque a gratidão é um presente do céu!”

Fonte:

BN, Mercantil,1881, Ed.29, Ano XXV, p.1.

Livro: Padre Siqueira - Escritos, crônicas e outros testemunhos (pág. 364-368)


sábado, 7 de dezembro de 2024

160 anos de Ordenação Sacerdotal do Servo de Deus Padre Siqueira – (1864-2024)

 


Solenidade da Imaculada Conceição: 160 anos de Ordenação Sacerdotal do Servo de Deus Padre Siqueira – (1864-2024)

As redes dos pescadores simples do Vale do Paraíba, jogadas nas águas do rio trouxeram à tona, primeiro a cabeça, depois o corpo, da Imaculada Conceição. Estamos falando de um Vale de Fé. Um vale que sempre criou expressões para dizer que a Imaculada tem seu espaço, seu lugar e seu trono. Esse é o grande milagre de Aparecida: trazer de novo, para bem perto do povo, a sua maior riqueza: a sua Mãe!

Não existe expressão de fé sem Mãe! Deus é Pai e Mãe! Somente uma experiência como essa atravessa a história de um povo e cria no Vale do Paraíba um povo forte na fé e na consciência... Somente desta tradição e deste lugar poderia nascer um homem como o Padre João Francisco de Siqueira Andrade e uma mulher como Irmã Francisca Pia. Os dois cresceram e amadureceram na fé e no ambiente da Imaculada Conceição – pois ela é a padroeira da cidade de Jacareí/SP. Ser ordenado nesta solenidade não é mera coincidência e sim um vínculo afetivo e de fé para com a Mãe de Deus.

A Imaculada da Conceição, a Imaculada Maria do Povo, a Imaculada do Amparo, significa este jeito com que Deus nos toca e se aproxima. Em Maria nós buscamos o carinho de Deus, este ideal de intimidade e harmonia com o Deus da Vida. Em Maria nós voltamos à pureza do humano. Na Imaculada nós voltamos à manhã original da Criação. 

Lembremo-nos as palavras do Servo de Deus Padre Siqueira: “formar a mulher de modo a tornar-se uma digna mãe de família e implantando em seu coração os princípios religiosos de uma moral sã. Porquanto, a mulher é tudo no mundo. Direi que o homem será em todos os tempos o que a sua mãe quiser que ele seja, viverá e tornará obra os preceitos supostos por ela” (Cf, OSE, 46). Percebamos a lógica do amor  de Deus: no vale da fé, a imagem da Imaculada sai do lodo da injustiça, recebe o manto do valor das qualidades da fé de seu povo, que recupera e visualiza aquilo que crê, coloca novamente no altar e vai lá para ser igualzinho a sua Mãe. No altar de hoje, milhares de pessoas vão à Aparecida, para refazer este humano destruído, despedaçado, desesperançado, que precisa de cuidado e da existência concreta de um Deus que se faz Mãe.

Também deste Vale da Fé saíram Pe. Siqueira e Ir. Francisca Pia; subiram as montanhas de Petrópolis e jogaram as redes nas ruas da cidade imperial, às margens do Piabanha, para trazer novamente para a vida, as ingênuas, as desvalidas, aquelas meninas filhas dos grandes senhores, dos nobres, daqueles que tinham posição e status no Império, que faziam filhos e filhas com as escravas para depois abandoná-los à própria sorte. Quando vem a Lei do Ventre Livre, ignoraram esses filhos considerados bastardos, rejeitaram, abandonaram para que a nova Lei e a nova sociedade não percebessem que a nobre família tinha uma mancha de ter uma filha com escrava... E aquelas meninas abandonadas, deixadas ao léu, deixadas nas ruas de Petrópolis são recolhidas por quem? Por um filho do Vale da Fé, por um filho da Imaculada: O Padre Siqueira.  

Maria, a eternamente pura e imaculada, a simples, a transparente, a mulher verdadeira, esposa e mãe, reveladora da verdade sabe que amar intensamente é não dar espaço para o mal, para o erro, para a injustiça e para o pecado. Mãe, abençoe e proteja a obra iniciada por Padre Siqueira. No dia em que celebramos a beleza deste dogma de fé: mistério que se encarna e se diviniza revelando assim a fecundidade de Deus, peçamos a Mãe Imaculada que germine esta obra do Amparo; que faça brotar da fecundidade escondida da semente, o sonho do Pe. Siqueira: conduzir pelos caminhos do Amor!

Trecho da Homilia do Frei Vitório Mazzuco, OFM, proferido na Matriz da Imaculada Conceição – Jacareí/SP, em 8 de dezembro de 2004.

Adaptação: Ir. Maria Aparecida Santana de Souza, CFA

Fonte: Revista do Centenário da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo


Serviço de Animação Vocacional Mês de julho de 2025.   Coração Consagrado ao Amparo da Vida Um convite ao discernimento vocacional à...