Mês da Bíblia 2025 – “A esperança não decepciona” (Rm 5,5)
O Mês da Bíblia 2025 nos convida a mergulhar na Carta
de São Paulo aos Romanos, coração teológico da fé cristã, que proclama com
firmeza: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Este lema,
em sintonia com o Ano Santo da Encarnação de Jesus Cristo e o tema “Peregrinos
de esperança”, nos recorda que a esperança cristã não é um simples
otimismo, mas uma força interior sustentada pelo amor fiel de Deus.
São Paulo escreve aos cristãos de Roma para animá-los em meio
aos desafios e perseguições, lembrando-lhes que a vida nova em Cristo nasce da
graça e não das obras da Lei: “Justificados pela fé, estamos em paz com Deus
por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5,1). Essa paz e essa esperança
não dependem das circunstâncias, mas da certeza de que “tudo concorre para o
bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28).
O Servo de Deus Padre João Francisco de Siqueira Andrade
viveu profundamente essa esperança. Nascido em Jacareí/SP em 1837, foi educado
desde a infância na fé e no amor à Palavra. Ordenado sacerdote no dia 8 de
dezembro de 1864, festa da Imaculada Conceição, encontrou na Eucaristia e na
Sagrada Escritura o sustento para sua missão. Diante da miséria, da orfandade e
da dor que presenciou, especialmente entre as viúvas e órfãs, não se deixou
vencer pelo abatimento. Como São Paulo, que dizia “Ai de mim se eu não
anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16), Padre Siqueira sentiu-se impelido a
agir:
“Não é possível conter os impulsos do meu coração! [...] Se
eu puder salvar, com a graça do Senhor e a proteção da Augusta Virgem do
Amparo, uma só infeliz do ameaçador naufrágio, já me será uma inexcedível
consolação.”
Essas palavras revelam um coração que experimentou o que
Paulo escreve: “Somos atribulados de toda maneira, mas não esmagados; postos
em apuros, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos,
mas não aniquilados” (2Cor 4,8-9).
O Carisma Franciscano do Amparo, herdeiro espiritual
de Padre Siqueira, nos chama a encarnar a esperança em gestos concretos de
cuidado da vida. A Palavra de Deus, quando acolhida, transforma a nossa forma
de olhar o mundo:
- Ensina-nos
a “alegrar-nos na esperança, ser pacientes na tribulação e
perseverantes na oração” (Rm 12,12);
- Convida-nos
a “carregar os fardos uns dos outros” (Gl 6,2), como expressão de
verdadeira fraternidade;
- Recorda-nos
que “o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17).
Neste Jubileu da Esperança, somos chamados a ser peregrinos
que caminham com a Bíblia na mão e o coração ardente, como os discípulos de
Emaús (cf. Lc 24,13-35). É a Palavra que reaquece nossa esperança e abre nossos
olhos para reconhecer o Cristo vivo no partir do pão e no irmão que sofre.
Olhando para a vida e missão de Padre Siqueira, percebemos
que a esperança cristã não se limita a esperar o futuro, mas age no presente,
movida pela certeza de que “nem a morte, nem a vida, nem o presente, nem o
futuro, nem qualquer criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus” (Rm 8,38-39).
Que este Mês da Bíblia nos inspire a acolher a Palavra com o
coração aberto, a viver como portadores de esperança e a traduzir o
Evangelho em gestos de ternura, proximidade e compromisso com a vida. Assim
como Padre Siqueira fez, possamos nós também, movidos pela graça, dizer:
“Fala, Senhor, teu servo escuta” (1Sm 3,9) — e se põe a caminho para
servir.